Eis o teor do Hino de Malhada Vermelha
‘MALHADA VERMELHA’, o teu nome
Rebrilhando na pedra rubis
E radiando do fulgor do sete solo
E pérola teu solo bendito
O céu azul nos cobre
No teu emblema rebrilha o cruzeiro
Recebe ó malhada adorada do teu povo
Este marco de estrela
No Brasil é a estrela que brilha
Lá no céu com muito fulgor
No teu solo bendito se esgota
Do Rio Grande do Norte.
Malhada Vermelha, o teu nome
Para sempre em memória ficou
É tão lindo, Malhada Vermelha o teu nome
Foi o gado que malhado deixou
A cor vermelha é teu solo
Adorado de um povo feliz
Coração palpita de amor
Do Brasil de astro de granito.
A escola bem diz seu nome
Refletindo a luz do saber
Implantando na inteligência, a Ciência
Do bem do dever.
Apesar de não possuir formação pedagógica, Dona Bembem passou
a maior parte de sua vida ensinando o que aprendeu com a professora Elisa
Bezerra de Menezes, filha de Adrião Bezerra de Menezes, no final da década de
20, do século XX foi responsável por sua formação na Escola Isolada de Malhada
Vermelha, criada em 1928. Ela estudou seis anos, tempo suficiente para
despertar o grande prazer pelos livros. Isso porque a professora Elisa Menezes
era muito boa no que fazia, revela a professora e poetisa.
Dona Bembem iniciou sua carreira como professora no ano de
1937, com 20 anos de idade, na Escola de Malhada Vermelha, à época situada no
município de Apodi, e lecionou até os 55 anos, quando foi aposentada em
virtude de ter perdido quase totalmente a visão, em consequência de catarata.
Segundo ela, foi o período mais difícil de sua vida, tendo em vista que ficou
10 anos sem leitura e a escrita. Foi muito difícil, porque não podia fazer o
que mais gostava, mas depois de muita fé em Deus, resolvi realizar a operação e
voltei a ter a visão total, revela.
A partir da recuperação da visão, Dona Bembem voltou aos
livros e a composição de seus versos. 0s versos da poetisa são formulados com
temas religiosos e líricos. Em todos os festejos religiosos e acontecimentos
importantes em Malhada Vermelha, ela sempre é convocada para compor o tema
de abertura dos eventos, como aconteceu no dia 25 de novembro de 2002, por
ocasião da inauguração da Rádio Comunitária de Malhada Vermelha, a FM Alto
0este (97,8 MHz).
Dona Bembém sempre foi dedicada às letras, tendo jamais
casado. Por isso, passou a criar filhos de suas irmãs e manteve dois filhos,
que hoje são seus únicos familiares direto ainda vivo. Sua vida sempre foi
dedicada aos outros, tanto na leitura e a reza. Ela passa o dia recebendo as
pessoas para ensinar alguma coisa, seja lendo ou escrevendo.
Uma das marcas registradas da sábia poetisa Francisca
Segunda. está também, na composição de homenagem para pessoas que vêm a
falecer em Malhada Vermelha e região.
No entanto, seus versos são sempre recheados de declarações
de amor à terra em que sempre viveu durante sua existência. Além, da poesia,
ela também é constante a sua devoção e amor ao catolicismo. “A hóstia santa que
foi para você o alimento”. Que seja para nós também o “sustento”.
Dona Bembém é autora de várias poesias belíssimas. Abaixo
transcreveremos um de seus belos sonetos:
PRAIA
Na onda da praia
Cobrindo de espuma
O rastro que pisa
Na areia desmancha
Tem cheiro do mar
Que inebria o sorriso
o banhista que gosta
Do rumor marulhaste
Quem vem lá do mar
Na areia se amansa
E beija leve
O rumor se desliza
Na brancura da areia
Que tem sal na espuma
No clarão do luar
Reflete pureza
Lá no céu, das estrelas
Que a água retrata
Faz o gozo da praia
Tem conchas na areia
Que Deus fez tudo
Fez terra, e fez mar
Nos búzios da praia
0 poeta fazem versos
Que encanta o poema
Na beleza do mar
Que na areia fez praia
Pra seu povo banhar
Pra saúde lhe dar
Na bonança do mar...
FONTE: Depoimento de Dona Bembem a este pesquisador e de uma reportagem no
jornal Gazeta do 0este, do dia 8 de dezembro de 2002. Ela faleceu em 2009